21.6.15

Trinta dias


Um mês, quatro semanas, trinta dias, 720 horas. Esse é o tempo que falta para eu estar nos braços e beijos de vocês. É o tempo que falta para eu chegar no dia mais torturante da minha vida: dizer adeus a uma nova vida a qual eu sou loucamente apaixonada. É o tempo que falta para eu entrar num avião, ver minha Holandinha pela última vez e me preparar para chegar ao lugar o qual eu me orgulho de ter vindo. É o tempo que falta para eu volta para casa, para o meu Brasil.

Não me leve a mal, mas sim, eu estou triste, tão triste que sinto uma dor terrível no meu coração, afinal estão tirando de mim a minha vida nova, a qual eu sofri para construir, a qual me faz ser a pessoa mais feliz desse mundo, a qual me ensinou que eu sou livre, que eu sou capaz, a qual eu me orgulho de ter vivido. Sim, eu já perdi muitas coisas nessa vida, mas essa perda, ah essa está me matando aos poucos.

Não me leve a mal, mas NÃO, você não me entende, você acha que eu sou mimadinha, frescurenta e ingrata, mas você não sabe nada da vida, você não viveu o que eu vivi, você não viu o que eu vi, então NÃO, não me venha com esse papinho ridículo de que vai ficar tudo bem, que eu deveria estar feliz por estar voltando para minha casa, para minha família, amigos, para meu país, como se eu não tivesse tudo isso aqui.

Não me leve a mal, mas fique quieto, respeite minha dor, minha tristeza, respeite o fato - e o meu direito - de estar triste por ter tido o melhor ano da minha vida e ter que me despedir dele. Dele, dos meu novos amigos, da minha nova família, do meu novo país.

Não me leve a mal, mas faz o seguinte, não fala nada não. Me deixa. Me deixa chorar, gritar, me sentir idiota, sentir saudade. Me deixa quietinha com meus sentimentos, os quais você julga serem negativos e infantis. Me deixa desejar até eu não conseguir mais, poder voltar. Me deixa falar meu inglês misturado com holandês que você não entende. Me deixa falar das mil e uma coisas que vivi aqui 200 vezes.

Não me leve a mal, mas NÃO, eu não sou ingrata, pelo contrario, talvez esse seja o motivo de tanta tristeza e lágrimas. Não me julgue, só entenda que não será apenas levantar a cabeça, colocar o meu melhor sorriso no rosto e seguir em frente. 

E por fim - com um desespero assustador no meu coração - eu te digo: não me leve a mal quando você ler tudo isso, pois apesar da dor, da tristeza, da vontade de me jogar na frente de um trem eu estou sim muito feliz e ansiosa para voltar. Estou com muita saudade de tudo, dos amigos, da família, da nossa cultura, da nossa comida, de ir ao mercado e entender todos os rotulos, do calor humano dos brasileiros, dos abraços, do Brasil. E ao mesmo tempo que estou chorando ao pensar que só tenho mais um mês aqui, estou contando os minutos para poder chegar e rever todo mundo.

Não me leve a mal!

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